segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

EU O MENINO E O CACHORRO


E eu só reclamava da vida…
reclamava da noite porque eu não dormia,
reclamava do dia porque eu sofria,
reclamava do frio que me gelava a alma,
reclamava do calor que me atirava ao desânimo.
Para tudo e para todos eu tinha uma resposta,
para a minha derrota eu sempre tinha um culpado,
para o meu desamor sempre tinha um “alguém”,
para tudo uma reclamação,
eu era o próprio azedume
Ai de quem me criticasse,
que apontasse o erro que eu não enxergava,
para tudo tinha que haver um culpado,
eu era a vítima do sistema, das pessoas, do mundo,
eu sempre fui traído, enganado, sofrido…
Carregava aquela cruz pesada de ódio,
e eu só reclamava da vida,
seja de noite, seja de dia.
Até quem dia, um menino, desses meninos de rua,
me pediu uma ajuda, e eu já estava pronto para ofendê-lo,
quando ele pegou na minha mão e arrastou-me,
se é que um menino tão pequeno teria essa força.
No canto da rua ele me mostrou um cachorro muito sujo,
que estava com a pata como que quebrada e cheio de feridas.
O menino puxou a minha mão e fez chegar perto do cachorro.
Ele olhava pra mim e depois para o cachorro,
e falou numa voz que eu não consigo esquecer:
- Moço, sara ele pra mim! é o meu melhor amigo.
Não sei porque e nem quero saber,
mas eu não aguentei e chorei…
Chorei como criança, como quem abre uma torneira,
como se uma porta que estava fechada
há muito tempo dentro de mim,
se abrisse escancaradamente…
O menino não entendeu o meu choro e perguntou:
- Ele vai morrer moço? è grave assim…
Despertei do meu choro e agarrei aquele cachorro com muito cuidado.
Levei-o até a minha casa, poucos quarteirões dali,
e tratei daquele cachorro como se fosse um filho,
e o menino, que vivia pelas ruas,
foi ficando, e cuidou de mim,
curou minhas feridas,
antes mesmo de eu curar as feridas do cachorro.
Hoje, não reclamo mais de nada,
tudo para mim tem um sentido,
tudo é perfeito, até o que dá errado.
Faz 16 anos que o menino de rua pegou na minha mão,
mudou a minha vida, transformou esse ser.
Mostrou-me o caminho do amor,
amor que restaura, cura, seca feridas, renova,
traz esperança, e esperança é o nome do amor.
E esse menino, que hoje me chama de pai,
destranca portas e janelas da minha alma todos os dias,
quando segura na minha mão e me agradece por cada coisa tão pequena,
os banhos, as roupas, a comida, a escola, a adoção,
coisas que muita gente tem e não dá nenhum valor,
ele me recompensa com carinho e dedicação.
Hoje é a sua formatura, e eu nem sei o que dizer,
sou grato a Deus por ele entrar na minha vida,
por quebrantar meu coração,
e não largar mais a minha mão.
Hoje eu bendigo a vida.
Valorize a sua vida, preencha-a com o amor.
Eu acredito em você

Por Paulo Roberto Gaefke

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

REFLEXÕES



Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém…
que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e abraça-la…
Sonhe com aquilo que você quiser…
Seja o que você quer ser…
Porque você possui apenas uma vida
E nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para faze-la doce,
dificuldades para faze-la forte,
tristeza para faze-la humana.
E esperança suficiente para faze-la feliz.
As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas,
elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram…
Para aqueles que buscam e tentam sempre…
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar…
…duram uma eternidade

Clarice Lispector

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

UMA FORMIGA ME LEVOU A ORAR



Outro dia, vi uma formiga que carregava
uma enorme folha.
A formiga era  pequena e a folha devia ter, no mínimo, dez vezes o
tamanho dela.
A formiga a carregava com sacrifício.

Ora a arrastava,
ora a tinha sobre a cabeça. Quando o vento  batia,
a folha
tombava,  fazendo cair também a formiga.

Foram muitos  os tropeços,  mas nem  por isso
a formiga  desanimou de sua tarefa.
Eu a observei e acompanhei,  até que chegou
próximo de  um buraco,  que devia ser
a porta de  sua casa.

 

Foi quando pensei:
“Até que enfim ela terminou
seu empreendimento”.
Ilusão minha. Na verdade, havia apenas  terminado
uma etapa.

A folha  era muito maior do que
a boca do buraco,  o que fez
com que a  formiga a deixasse
do lado de fora para, então,
entrar sozinha.
Foi aí que disse a mim mesmo:
“Coitada,
tanto sacrifício  para nada.”

Lembrei-me ainda  do ditado popular:
“Nadou, nadou  e morreu na praia.”
Mas a pequena formiga me surpreendeu.
Do buraco saíram  outras formigas,
que começaram  a cortar a folha em pequenos
pedaços.

Elas pareciam alegres  na tarefa.
Em pouco tempo, a grande folha havia desaparecido, dando lugar a pequenos pedaços  ,e eles estavam  todos dentro do buraco.

Invejei a persistência,  a força daquela formiguinha.

 Naturalmente, transformei  minha reflexão em

Que me desse a tenacidade daquela
formiga,  para “carregar” as dificuldades
do dia-a-dia.
Que me desse  a perseverança
da formiga,  para não desanimar  diante das quedas

Que eu pudesse ter a inteligência, a esperteza dela, para dividir em pedaços o fardo que,
às vezes,  se apresenta ,   grande demais.
Que eu tivesse  a humildade para  partilhar com
os outros o êxito  da chegada,
mesmo que o trajeto tivesse sido  solitário

Pedi ao Senhor  a graça de,  como aquela
formiga, não  desistir da ,caminhada,
mesmo quando  os ventos contrários
me fazem virar  de cabeça para baixo,
mesmo quando,  pelo tamanho da carga,
não consigo  ver com nitidez  o caminho
a percorrer

A alegria
dos filhotes que, provavelmente, esperavam lá dentro pelo alimento, fez aquela formiga esquecer e
superar todas as adversidades da estrada.

Após meu encontro com aquela formiga, saí mais fortalecido em minha caminhada. Agradeci ao  Senhor por ter colocado aquela formiga em meu caminho ou por me ter feito passar pelo caminho dela.

Sonhos não morrem, apenas adormecem na alma da gente.